Os Primeiros Passos da Revolução Digital, O Nascimento dos Computadores
A história da tecnologia é marcada por avanços que transformaram radicalmente a sociedade. Um dos capítulos mais importantes dessa jornada é o surgimento dos computadores e a subsequente corrida espacial, eventos que moldaram o mundo como o conhecemos hoje.
O Nascimento dos Computadores
A Segunda Guerra Mundial impulsionou a necessidade de realizar cálculos complexos de forma rápida e precisa, especialmente para o desenvolvimento de armas e estratégias militares. Em resposta a essa demanda, foi criado o ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer) em 1946. Esse colossal computador, que ocupava uma sala inteira, era capaz de realizar cálculos balísticos de forma automatizada.
Com a finalidade de automatizar o cálculo de tabelas balísticas, no ano de 1946 foi construído o primeiro computador digital, denominado ENIAC, que permitiu reconhecer a utilidade universal do invento e passou-se à construção de modelos com mais memória interna e que incorporavam o conceito de programa armazenado, fundamental para a utilização prática da máquina. Até os primeiros anos da década de 1950 várias máquinas foram construídas. Elas eram todas diferentes e todas artesanais, mas todas seguiam a chamada arquitetura von Neumann. Em meados da década de 1950, começou a produção dos primeiros computadores comercialmente disponíveis.
A IBM saiu na frente neste processo o que lhe valeu o domínio quase absoluto do mercado de informática até meados da década de 1980.
O ENIAC, no entanto, era apenas o início. A partir dele, a computação evoluiu rapidamente, com a introdução do conceito de programa armazenado. Essa inovação permitiu que as instruções fossem armazenadas na memória do computador, tornando-o muito mais versátil e abrindo caminho para uma infinidade de aplicações além dos cálculos militares.
A Corrida Espacial e a Aceleração Tecnológica
Em 1957, a União Soviética lançou o Sputnik, o primeiro satélite artificial da história. Esse feito desencadeou a chamada “Corrida Espacial”, uma intensa competição entre os Estados Unidos e a União Soviética para dominar a exploração espacial.
Em resposta ao lançamento do Sputnik, o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, estabeleceu a ambiciosa meta de enviar um homem à Lua até o final da década de 1960. Para alcançar esse objetivo, foi criada a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA), com o propósito de acelerar o desenvolvimento tecnológico nos Estados Unidos.
A ARPA desempenhou um papel fundamental na evolução da computação. Inicialmente focada em projetos militares, a agência passou a investir em pesquisas de longo prazo, como a computação interativa e os sistemas de tempo compartilhado, que permitiam que múltiplos usuários acessassem um computador simultaneamente. Essas pesquisas, por sua vez, impulsionaram o desenvolvimento da internet e da computação pessoal.
Levando em consideração a demanda, a resposta foi montar uma Rede de comunicações que não dependesse de um só núcleo central cuja destruição pudesse comprometer toda a Rede. O briefing era simples, mas complexo: desenhar uma Rede de comunicações totalmente independente que fosse invulnerável a qualquer tentativa de destruição ou controle por parte de qualquer entidade ou potência. A ARPANET foi acionada em 1969.
No ano de 1973 realizou-se a primeira conexão internacional da ARPANET, que interligou a Inglaterra e a Noruega. No final dessa década, a ARPANET substituiu seu protocolo de comutação de pacotes, denominado Network Control Protocol (NCP), para Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP). Em 1977 realizou-se uma demonstração do protocolo TCP/IP por intermédio da utilização de três redes: a ARPANET, a RPNET e a STATNET. Na década de 80 a ARPANET se disseminou pelos Estados Unidos e promoveu a interligação entre universidades, órgãos militares e governo. Foi implementado, no ano de 1986, a NSFNET – pela National Science.
Foundation –, e a ARPANET começou a ser chamada de “Internet”. Para que ocorresse o grande salto na utilização da Internet houve estudos precursores de Ted Nelson, mas com Tim Berners-Lee e a rede WWW (World Wide Web) é que foram possíveis a expansão e a utilização comercial da Internet. Surgem os navegadores para facilitar a vida e utilização por usuários.
Assim, surge a Internet, a rede das redes, a rede mundial de computadores, tornando- se acessível a toda a população mundial, mesmo que com problemas de acesso e inclusão.
No Brasil o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a utilizar um computador UNIVAC 1105 e, no ano de 1964, foi criado o Centro Eletrônico de Processamento de Dados do Estado do Paraná. Em 1965 foi criado o Serviço Federal de Processamento de Dados e o Brasil se associou ao consórcio internacional de telecomunicações por satélite (INTELSAT). Além disso, foi criada a Empresa Brasileira de Telecomunicações, vinculada ao Ministério das Comunicações, também recém-criado.
No ano de 1972 foi fabricado o primeiro computador brasileiro, denominado “patinho feio”, pela Universidade Federal de São Paulo (USP). Dois anos após foi criada a Computadores Brasileiros S.A. (COBRA) e em 1979 criou-se a Secretaria Especial de Informática. Outro passo importante para a consolidação da Internet no Brasil foi a conexão à Bitnet da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1988.
Um Legado duradouro
A criação do ENIAC e a corrida espacial foram eventos cruciais que marcaram o início da era digital. Graças a esses avanços, a computação se tornou uma ferramenta essencial em praticamente todos os aspectos da vida moderna. A capacidade de processar grandes volumes de dados rapidamente, comunicar-se à distância e automatizar tarefas complexas transformou a forma como trabalhamos, aprendemos e nos relacionamos.
O legado dos pioneiros da computação e da exploração espacial continua a inspirar novas gerações de cientistas e engenheiros, que buscam constantemente novas fronteiras para a tecnologia. A jornada que começou com o ENIAC é um lembrete de que a inovação é um processo contínuo e que o futuro da tecnologia promete ser ainda mais emocionante.